O mundo das EFR

Em países com grande potencial agrícola, o desenvolvimento do sector Agro-Alimentar é sempre uma prioridade na estratégia económica. Nesse quadro, a formação do capital humano é crítica. Pretende-se dessa forma contribuir para a diminuição da dependência do exterior, aumentando a soberania alimentar e promover a exportação dos produtos agrícolas e pecuários. Neste contexto, justifica-se a criação de Escolas Familiares Rurais (EFR).

A EFR é uma escola diferente da "clássica”. As principais diferenças são 4: (i) Escola em regime de Alternância (os alunos passam períodos alternados entre o trabalho na sua exploração agrícola e a formação em sala na EFR); (ii) Formação Integral e em pequeno grupo (pretende-se dar uma atenção personalizada, completa e permitindo que o jovem desenvolva um projecto de criação de auto-empego); (iii) Associação (cada EFR tem uma Associação formada pelas famílias, profissionais, lideranças e pessoas identificadas com a EFR); (iv) Desenvolvimento do Meio Rural.

Este tipo de escolas tem como ponto de partida para a formação a realidade concreta dos alunos, estimulando-os a fixar-se no campo. Em cada Alternância desenvolve-se um tema de Estudo concreto e relacionado com o trabalho que se está a desenvolver no campo no momento, ou outro tema previsto dentro da estratégia de formação.

Na EFR são complementadas as aprendizagens com uma planificação transdisciplinar, com disciplinas de formação geral, de formação científica e formação técnica. No final da formação de 3 anos, cada aluno desenvolve um Projecto de Orientação e Melhoria, que em muitos casos é um Projecto de criação de auto-emprego. Por outro lado, há um grande envolvimento das famílias na escola, não só pelo movimento associativo como pela participação dos pais na formação prática. Na EFR existem instrumentos pedagógicos específicos, a desenvolver em cada Alternância: os alunos fazem uma Pesquisa – Guia de Estudos; as Conclusões em Comum – partilha das experiências no grupo; Visita de Estudo relacionado com o tema; Colóquio Profissional onde intervém um convidado especialista.

A formação dada nas EFRs é de longa duração, de 3 anos, no nível II (Ensino Básico), e posteriormente mais outro ciclo de 3 anos – nível III (Ensino Médio).

Este tipo de escolas foi criado em 1937 em França e desde então tem-se afirmado em muitos países, destacando-se: França (472), Brasil (274), Argentina (120), Camarões (40), Espanha (25), Moçambique (18), Costa do Marfim (12).

Pretendemos, de forma faseada, implantar este modelo de escolas em Angola e na Namíbia. Inicialmente, ao longo dos próximos 6 anos, contamos criar as bases para a abertura de várias EFRs nestes dois países.

O objectivo geral do projecto é a promoção e o desenvolvimento da pessoa a vários níveis: profissional, humano, técnico, social e económico nas zonas rurais. Os objectivos específicos são: promover a Formação Profissional; aumentar a produtividade (Segurança Alimentar); criar emprego e auto-emprego; e melhorar a qualidade de vida.

As EFRs destinam-se a jovens, que tenham completado a escola primária, sejam do meio rural e trabalhem ou queiram trabalhar numa agricultura de mercado. O perfil de entrada dos jovens tem em conta o envolvimento das famílias e das comunidades, o que é absolutamente necessário para que a metodologia da Alternância tenha os resultados esperados.

Em paralelo com a formação dos alunos, pretendemos também transformar cada EFR num Pólo de Desenvolvimento Local através de iniciativas, como por exemplo: Formações Contínuas para Profissionais; Acções de Sensibilização; Intervenções na Área da Saúde Pública; Sessões de Nutrição; Iniciativas de Alfabetização; Iniciativas de Inclusão Digital; Campos de Ensaio abertas à Comunidade; Bancos de Sementes.